quarta-feira, 22 de maio de 2013

O niilismo de Pondé


Para além do niilismo 

Luiz Felipe Pondé

O leitor sabe que meu pecado espiritual é o niilismo. Enfrento-o dia a dia como qualquer moléstia incurável. O tema já foi tratado por gênios como Nietzsche, Turguêniev, Dostoiévski, Cioran. Deixo meu leitor em companhia desses gigantes, muito melhores do que eu.

A tragédia também me acompanha em todo café da manhã, essa concepção grega de mundo que julgo a mais correta já pensada. Aqui tenho grandes parceiros como o autor da tragédia ática Sófocles (entre outros), o filósofo Nietzsche, o dramaturgo Shakespeare e os escritores contemporâneos Albert Camus e Philip Roth.

Ambos, niilismo e tragédia, são visões de mundo que arruínam a vida. Diante deles, ateísmo é para iniciantes. O ateísmo só é aceitável quando blasé e sem associações de ateus militantes. Para niilistas como eu, o ateísmo crente em si mesmo é brincadeira de meninas com fita cor-de-rosa amarrada na cabeça.

Ando de saco cheio do niilismo e da tragédia, apesar de continuar experimentando-os todo dia. Em termos morais, a virtude máxima para ambos é a coragem, e o vício mais a mão, a covardia. Nos últimos tempos, tenho me interessado por outra virtude, a confiança, essa, tão difícil quanto a coragem, uma vez tomada a alma pelo niilismo e pela tragédia. É sobre ela que quero falar nesta segunda-feira, dia normalmente difícil, acompanhado do “bode” do domingo e da monotonia do dia a dia que recomeça imerso num sono que nunca descansa, porque sempre atormentado pela dúvida com relação ao amor, à família, ao trabalho e à viabilidade do futuro.

Meu maior pecado como escritor é jamais enganar, jamais querer agradar. Essa é minha forma de prestar respeito a quem me lê semanalmente. O caráter de alguém que escreve é medido pela ausência de desejo de agradar a quem o lê.

Amar cães e confiar neles é mais fácil do que amar seres humanos e confiar neles. Por isso, num mundo atormentado pela dúvida niilista, ainda que em constante denegação dela, tanta gente se lança à defesa melosa de cães e gatos e exige carne de frangos felizes na hora de comer em restaurantes ridículos.

Quero propor a você duas obras. Um filme e um livro que julgo entre os maiores exemplos da arte a serviço da confiança na vida.

O filme “As Damas do Bois de Boulogne” [1945 - trecho dofilme], do cineasta francês Robert Bresson, de 1945, é uma pérola sobre a confiança na vida e nos laços afetivos. Bresson é um cineasta muito marcado pelo pensamento do escritor George Bernanos, grande anatomista da alma e especialista em nossa natureza vaidosa, mentirosa e, por isso mesmo, desesperada. Coisa para gente grande, rara hoje em dia, neste mundo governado por adultos infantis.

O filme trata da vingança de uma mulher belíssima contra seu ex-amante (que a abandonou), um homem frívolo e covarde por temperamento. Essa vingança se constitui na aposta de que ele e a mulher que ela “contrata” para sua vingança agirão do modo esperado. Sua intenção é fazer com que seu ex-amante se apaixone por essa mulher “contratada”, uma prostituta.

O homem é mantido na ignorância da vida pregressa de sua noiva até depois do casamento. O que a mulher abandonada não contava é que a prostituta se apaixonasse pelo covarde, levando-o a transformação inesperada de caráter.

O amor também é personagem central da obra do dinamarquês Soren Kierkegaard “As Obras do Amor” [trecho do livro], da Vozes. Esse livro é o texto mais belo que conheço sobre o amor na filosofia ocidental. Segundo nosso existencialista, o amor tudo crê, mas nunca se ilude porque, assim como a desconfiança e o ceticismo, o amor sabe que o conhecimento não é capaz de nada além do que fundamentar o niilismo, o ceticismo e o desespero.

O amor é um afeto moral, não um ato da razão. A razão não justifica a vida. O amor é uma escolha de investimento na vida, uma atitude, mesmo que a razão prove a falta de sentido último de tudo.

Ingênuos são os niilistas e céticos que consideram a desconfiança um ato livre da vontade. A desconfiança é uma escravidão. A aposta na vida é que mostra o caráter maduro de mulheres e homens.

Boa semana.

2 comentários:

  1. Nao aprecio entusiasticamente filosofos ou teatro.
    A definicao de que nada existe, a negacao dos valores e das normas me assustam.
    Uma sociedade baseada nos fundamentos nao "existentes" do niilismo seria uma anarquia, nada seria importante, algo assim esta acontecendo com no Brasil, os niilistas farofeiros estao soltos.
    Nao me volto a figura do Ponde, eh um homem cultpo e educado, ele pode ser niilist a vontade. Ja o ja farofeiros e bananeiros seria perigoso.
    O niilismo eh uma confusao de definicoes e cada um escolhe a sua.
    Para o niilismo politico seria o ideal uma sociedade sem politicos ou governo, cada um vivendo a sua maneira e ao seu deleite.
    imagino um lar onde todos mandam e ninguem obece, onde tudo eh permitido e nada eh negado.
    Niilismo para mim eh como viver em uma comunidade hippie, onde todos querem paz e amor e nada de compromisso com a realidade ou com os valores. Se Deus esta morto tudo eh valido. I do not think so.
    Eh facil ser niilista, eh comodo, eh sossegado, eh aprazivel, a negacao de tudo que eh maravilhosamente desagradavel ou inconveniente.
    A culpa nao eh minha, a culpa e dos meus pais, dos meus avos, dos homens sapiens, nao pedi para nascer, mais ou menos assim sao os niilistas.
    Filosofos sao seres que gostam de usar grampos de roupa nos cabelos e meias roxas com bolinhas amarelas.
    Ha filosofos e filosofos, as vezes bonitos pensamentos sao construidos, so as vezes.

    ResponderExcluir
  2. Um brutal crime foi cometido ontem em Londres, dois nigerianos islamistas, assassinaram um militar a sangue frio, cortaram.lhe a cabeca em plena rua, foram filmados com as maos cheias de sangue e com as machetes nas maos.
    Intoleravel, nao tem jeito, esta gente e priomitiva e totalmente destituida de qualquer intelecto.
    Nao acho estranho, pois o islao realmente incita a violencia, as mesquitas servem para propagar a violencia. Espero que o Cameron seja decidido como foi quando a gentalha invadiu as ruas e fez um quebra.quebra terrivel.
    A gentalha nao tem como viver entre gente civilizada. Nao eh a cor que nos difere. Nao somos todos iguais.
    Cometer um crime desta natureza em plena luz do dia em Londres, eh horrendo.dia
    http://www.bbc.co.uk/news/uk-england-london-22638959

    ResponderExcluir