segunda-feira, 10 de junho de 2013

Criança! Não verás país nenhum como este!... Ai, Bilac, você estava emaconhado?

A Pátria - Olavo Bilac

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! Não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,

É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!

Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha…

Quem com seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o sue esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! Não verás país nenhum como este!
Imita na grandeza a terra em que nasceste!


Você ganha uma causa no Supremo em 1995, sem direito a recurso, recebe uma carta precatória que só consegue receber em 2007 por causa de seus conhecimentos na imprensa, quando vai retirar o dinheiro no caixa do Banco do Brasil, só recebe 40% porque seu advogado, até então reputado como o melhor em causas cíveis do Rio de Janeiro, esqueceu de lhe avisar que como sua sogra - meeira do processo - havia falecido, só ele, que tinha procuração, poderia retirar o total e, como se não bastasse, o que restou foi parar no espólio da sua sogra, que tinha apenas duas casas, mas que já passou pela mão de três juízes que se sucederam na Quarta Vara de Família de Nova Iguaçu nos últimos seis anos, sem que nenhum desse o jamegão definitivo, sendo que o quarto assumiu semana passada e resolveu que precisa ler o processo.

Você vê um Guarda Municipal jogar uma bola de papel na calçada, delicadamente lhe chama atenção sobre uma lata de lixo bem ao seu lado, mas, apesar dele ter voltado e cumprido o penoso dever de jogar o lixo no lugar, lhe olha de cara feia e sai resmungando.

Você está bebendo sua cervejinha em um bar e dois Policiais Militares armados param a “viatura” com a qual fazem habitualmente a ronda no bairro sobre a calçada, entram no bar, bebem três cervejas, conversam alto, não pagam, voltam para o carro para seguir sua ronda, então você resolve perguntar ao dono do bar se eles costumam “pendurar” o que bebem e o dito cujo responde que a cervejinha é a retribuição para que os policiais não multem seu carro, sempre estacionado em frente ao boteco, em lugar proibido.

Você sabe que esses mesmos policiais todas as sextas-feiras param sua viatura - de maneira irregular também - em frente à banca de jornais que fica na calçada do prédio onde você mora para receber a “taxa de segurança” que os lojistas deixam na banca, que também inclui isenção de multas.

Você vai à praia, todas as vezes que atravessa a ciclovia, sem exceção, é obrigado a chamar a atenção de ciclistas que não obedecem ao sinal para pedestres e ainda é xingado pelos mesmos.

Você vai andar de bicicleta na ciclovia e encontra de tudo: babás empurrando carrinhos de bebê, enfermeiras empurrando cadeiras de rodas, gente caminhando lado a lado interrompendo uma faixa, triciclos de entrega de gelo e bebidas interrompendo as duas, cachorros fazendo cocô e gente sem noção que não se dá conta que está parada no meio da rua.

Você tem como vizinho, no prédio ao lado, um síndico que manda fazer um “gatilho” no fornecimento de água, ligando três vezes por semana uma mangueira antes do hidrômetro para que o faxineiro lave a calçada, desperdiçando água sem pagar por ela e, quando reclama, como síndico que também é, recebe a sugestão cínica de “por que você não faz o mesmo”.

Você compra uma máquina de lavar e secar de última geração que custa os olhos da cara e assim que termina a garantia as peças começam a quebrar.

Você compra um tipo de vassoura de uma esponja especial, cujo refil dura três meses até precisar ser substituído, e já na terceira e quarta trocas de esponja nota que o material usado se deteriora em dois ou três dias, não lembrando nem de longe o material que era usado na época do seu lançamento.

Você enfim encontra um xampu que lhe agrade, mas que da terceira vez que usa nota que ele não faz nem mais espuma.

Você assina uma TV a cabo com internet, sofre constantes interrupções no serviço e, no fim do mês, tem que pagar pelo serviço integral.

O que você diria de um país onde, somente na última semana, tudo isso aconteceu a um cidadão?

7 comentários:

  1. O Brasil carinhoso
    "É um seio de mãe a transbordar carinhos.
    Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
    Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
    Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!"

    O seios da dilma? Vida no chao? escolas de samba? Ninhos balancando no ar? Favelas.? Interessante.
    Maconha provabelmente naop usava,mas poderia gostar de absinto e muito.

    Ricardo,nao da sequer para ser patriota.

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  2. Não dá mesmo! Eu sou patriota de teimoso. Sou patriota de um Brasil que, se nunca foi o ideal de um país, também nunca foi uma coisa tão - desculpe - escrota.

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  3. Ricardo, Eu também sou patriota de teimoso, amo esta terra. Tomo raiva diariamente com as pessoas que invadem sinal de trânsito, entram na contra mão, furam filas, jogam lixo no chão, jogam latinhas vazias de dentro do carro, querem levar vantagem em tudo. Tomo raiva com a violência e com muito mais coisas. Mas, não desisto. O Brasil não tem culpa. É maravihoso. Muitos de seus filhos que precisam aprender a amá-lo. Fiquei indignado ao ler que um dos manifestantes dessa semana mandou o Brasil se...E disse que nacionalismo já era. É isso que esses jovens querem mudar? Muita Paz e solidariedade. Não desistamos de nosso amor e de denunciar as mazelas.

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  4. ... e ainda assim, queremos viver (no meu caso, vivi 2 anos nos esteites e arrenego) neste país.
    Os japoneses são tão coletivos - e racistas. Os americanos são tão simpáticos - e dinheiristas. E por aí vai.
    A impressão que dá é que por aqui só o que progride é o atraso.
    Mas talvez o progresso social exista e não tenhamos possibilidade de percebê-lo, pois a escala de tempo é geológica.
    Baideuei, sou professor universitário (e por consequência funcionário público por falta de opção) e digo: o que muitos nobres colegas abnegados são capazes de trambicar... como dizia aquele personagem do Jô Soares: "É um espanto!"

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  5. Eu quando vou ao Brasil penso ficar de 3-4 semanas, mas depois de 1 semana ja quero voltar, depois que vi todos os que amo, já não suporto todas coisas que não funcionam, tudo demora, temos que andar sempre com medo.
    Aprendi a viver em plena liberdade com tudo funcionando rapidamente, os policiais usam gravatas e não podem beber em serviço, são confiáveis. É fantástico sentir a liberdade de sair sem medo, saber que não seda enganada quando comprar qualquer coisa.
    A honestidade para mim é uma forma maravilhosa de liberdade.
    Amo a Europa, sou euro-brasileira e sou europeista.
    Nada é perfeito, mas poder confiar nas instituições é maravilhoso.

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  6. ... cada povo, nação, país, com suas "mazelas"... aqui, o sistema é o cada um por si, aqui impera o "se vira nos trinta", aqui, o SISTEMA é um pouco mais predador. Cuida Mais de SI e menos dos que O sustenta ...

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  7. Se é para ficar ao "Deus dará" entao não quero pagar impostos, mas isso não funciona, não daria para sair de casa e encontrar buracos gigantescos nas ruas, não ter iluminação a noite, etc,etc, seria o caos.

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