domingo, 25 de agosto de 2013

Jekyll ou Hyde, qual o Verissimo que você prefere?

O que faz uma crônica ligeira, suave e engraçada como só ele sabe fazer ou o que vomita impropérios e mentiras na ânsia de justificar seus pensamentos de esquerdopata empedernido?

Ambos os textos abaixo foram publicados no mesmo dia. O primeiro no Estadão e o segundo no Globo. Aliás, quanto ao segundo, recomendo a crítica de Rodrigo Constantino, A hipocrisia de Verissimo.

O cavalo no bar

Cena: um asilo de velhos. Quatro velhinhos sentados, num círculo. Os quatro dormindo, apoiados na sua bengala.

Velhinho 1 (Acordando) - O que é que o barman diz para um cavalo que entra no bar?

Velhinho 2 (Acordando) - O quê?

Velhinho 1 - Um cavalo entra num bar. O que é que diz o barman?

Velhinho 2 - Por que um cavalo entraria num bar?

Velhinho 1 - Não interessa. É uma piada. Entra o cavalo no bar...

Velhinho 3 (Acordando, para o Velhinho 4, que é surdo) - O que foi?

Velhinho 4 (Acordando) - Algo sobre cavaco lombar.

Velhinho 3 - Cavaco lombar? Acho que já tive isso.

Velhinho 1 - Um cavalo entra num bar. Não interessa por quê. O barman diz o quê?

Velhinho 2 - Quem?

Velhinho 1 - O barman.

Velhinho 4 - O Batman?

Velhinho 1 - O barman. O barman. O cara que serve no bar.

Velhinho 2 - Boa, boa. Também tem aquela do padre, do pastor protestante e do rabino que entram num elevador. O que é que diz o cabineiro?

Velhinho 3 (Para o Velhinho 3) - Quem?

Velhinho 4 - Acho que é mineiro.

Velhinho 2 - O cabineiro. O ascensorista.

Velhinho 1 - Isso não existe mais. Hoje, num elevador só tem botão. E eu ainda não terminei de contar a minha piada!

Velhinho 2 - Ah, não tinha terminado? Então conta, conta.

Velhinho 1 - Um cavalo entra num elevador. Não! Um cavalo entra num bar. O barman lhe diz uma coisa. O que é?

Velhinho 2 - O barman pergunta ao cavalo onde está o seu dono e o cavalo diz: “Deixei ele amarrado lá fora”.

Velhinho 1 - Não!

Velhinho 2 - O barman diz: “Esta é a primeira vez que entra um cavalo neste bar” e o cavalo diz: “E com estes preços, será a última”.

Velhinho 1 - Não!

Velhinho 2 - Você não quer saber o que o ascensorista diz para o padre, o pastor protestante e o rabino que entraram no seu elevador?

Velhinho 1 - Não!

Velhinho 2 - Diz: “Sabem que isso daria uma anedota?”.

Velhinho 1 - Está bem. Boa. Mas vamos lá: o que o barman pergunta para o cavalo que entra no bar?

Velhinho 2 - Não sei.

Velhinho 1 - “Por que essa cara comprida?”

Velhinho 2 - Como é?

Velhinho 1 - O cavalo. Cara comprida.

Silêncio. Depois:

Velhinho 3 - Onde é que entra o Batman?


Hipócritas

Vivemos sob o signo da hipocrisia. A volta da democracia no Egito, com a queda do Mubarak e a primeira eleição livre em muitos anos, foi saudada por todo o mundo como um desabrochar primaveril. Só uma coisa deu errado: ganhou a eleição quem não deveria. A Irmandade Muçulmana no poder só deu razão a quem diz que islã e democracia são incompatíveis, ou aos que dizem que a democracia é linda, mas não pode ser suicida. Veio o golpe dos militares, que nunca deixaram de ser a única força política consequente no Egito, e cujo objetivo declarado não é só substituir os muçulmanos no poder, mas acabar, literalmente, com eles. Os líderes muçulmanos estão presos e seus seguidores sendo assassinados nas ruas, à vista do mundo inteiro, que faz sons protocolares de reprovação, mas não quer se meter. Os Estados Unidos, que sustentavam a ditadura Mubarak e há anos sustentam, com dinheiro e material, o exército egípcio, enquanto pregam democracia para todos — sem exageros, claro —, não sabem até onde levar sua “realpolitik”, que é o nome pomposo da hipocrisia.. Mas se, num acesso de autocrítica, os americanos cortarem a ajuda para o massacre, não faltará ajuda das petromonarquias da região, como aquele outro exemplo de democracia relativa apoiada pelos Estados Unidos, a Arábia Saudita. Enfim, as primaveras, como a democracia, são lindas, mas também podem ser vésperas de verões infernais.

Essa meleca — e a meleca maior que é toda a situação no Oriente Médio, incluindo a questão Israel/palestinos — é fruto de muitos anos de hipocrisia, começando com a hipocrisia das potências imperialistas, que pilharam meio mundo disfarçadas de evangelizadoras e civilizadoras, e, no caso do Oriente Médio, chegaram a impor fronteiras e inventar países. A própria geografia da interminável crise em que vive a região é uma herança da passagem dos ingleses, que deixaram o lixo da sua farra para trás. Mas tanto os países artificiais quanto os históricos, como o Egito, tiveram culpa pela sua desgraça atual. Nos anos 60 e 70 ensaiou-se a criação de uma nova ordem econômica mundial, independente da ordem sacramentada pelo neoimperialismo anglo-americano. Os dólares do petróleo financiariam essa tentativa de emancipação dos pobres. Mas não aproveitaram a abertura. Os emires apoiavam a ideia da revolta em tese, mas continuaram aplicando seus lucros no sistema bancário dominante. E o neoimperialismo, enquanto exaltava a democracia liberal, se encarregava de impedir qualquer alternativa para o seu domínio. No Egito, agora, os hipócritas se impõem criminosamente. Quem diria que toda a história recente do mundo caberia numa letra de bolero?

Um comentário:

  1. Eu nao estou nada surpresa, acreditar em primavera árabe, só mesmo os romanticos desfolhados.
    Pode parecer banal, a democracia jamais irá funcionar em um país muculmano. É simples, o islao nao admite qualquer outra ideologia, o islao é uma ideologia, uma horrenda ideologia, algo destruidor e arrasador. A democracia nao é algo que se compra no supermercado ou online no Ebay.
    Nao vamos tapar o sol com a cueca, democracia é para gente grande,gente alfabetizada, desenvolvida . A irmandade muculmana representa o povo a maioria é sustentada pelos iranianos, os mesmos que sustentam o hezbollah que matam os irmaos filhos de Allah na Siria, claro, a oposicao siria tambem nao é melhor que o exercito do Assad.
    Os USA sempre pagaram o exercito egipcio e com a chegada dos islamistas da irmandade certamente alertaram os responsaveis que a ajuda iria cessar, pois com os islamistas no poder os americanos nao iriam querer pagar para os inimigos.
    Funcionou e espero que os militares egipcios acabem com irmandade muculmana de cabo a rabo.
    Nao simpatizo tao pouco com os militares, alias nao simpatizo com ninguem no Oriente Médio, excepto os israelenses.
    Agora temos os massacres na Siria. Nao ha solucao, sao atrasados, ponto final, além de que agora a Russia e a China querem protagonismo. Infelizmente os republicanos terao mesmo que voltar ao poder nos USA para que haja um balanco nesta bagunca que esta se tornando o mundo.
    No Egito o turismo é vital e agora os europeus suspenderam todas as viagens ao país. Eu lá nao iria nem que me pagassem, nem ontem, nem hoje nem amanha.
    Detesto sujeira.
    Hipocrisia, sim, muita, pois quando os americanos colocam o nariz sao criticados, atacados, escurracados, quando nao querem meter o naso,recebem duras criticas por nao ajudar acabar com a matanca. Hipocrisia, sim. Eu nao sou hipocrita e mesmo sabendo que há muita coisa podre no "reino americano" prefiro ficar do lado que para mim é o menos errado ou seja: do lado dos ocidentais. Nao aposto uma banana podre nos adoradores de Allah.
    Nunca acreditei e jamais irei acreditar que a democracia na forma como a conhecemos possa vingar em um país islamico. Never, never, never.
    Eu gosto muito do LFV quando ele é o que deveria sempre ser: hilário, é fantastico.

    ResponderExcluir