Os idiotas afirmam: Jesus era esquizofrênico

Muito aquém da seriedade, certas pessoas de reputação em seus meios usam e abusam dos seus supostos reconhecimentos para desandar a falar asneiras, puxando as brasas para as suas sardinhas. Acabei de ler um artigo com uma pastora britânica e uma entrevista com um cientista brasileiro que demonstram bem o que eu digo. Ambos fazem sacações absurdas, baseadas na Bíblia e no Corão, sobre a saúde mental de alguns dos seus personagens.

A primeira diz que Jesus, Saul, São João Batista, São Paulo e São Francisco, sofriam de perturbações mentais e o segundo afirma que Jesus , Maomé e Abraão eram esquizofrênicos.

Ora, se o próprio tal cientista diz que “o que a gente chama de normal e anormal é separado por uma fronteira muito tênue”, como é que ele pode afirmar tão categoricamente a esquizofrenia em pessoas que viveram há milênios usando apenas relatos de livros sagrados que não necessariamente contam as verdades?

São imbecilidades como essas que tiram créditos de estudos sérios, sejam sobre a Religião ou sejam sobre a Ciência. Destaco até uma boçalidade do tal cientista - só para mostrar que o esquizofrênico deve ser ele mesmo - sobre a “máquina humanizada”, que ele atribui a uma “visão capitalista”.

Eis os resumos:

Eva McIntyre

A pastora britânica Eva McIntyre escreveu um sermão admitindo que Jesus pode ter sofrido de algum transtorno mental. Citou um trecho da Bíblia segundo o qual o Messias teria “perdido a cabeça” em uma determinada circunstância, pois há uma história no Evangelho que fala da tentativa de sua mãe de levá-lo para casa, porque havia o temor de que estivesse sofrendo de insanidade.

McIntyre escreveu que outros personagens da cristandade, como rei Saul, João Batista, São Paulo e São Francisco, provavelmente também sofriam de perturbações mentais. Ela lembrou a passagem bíblica na qual Jesus diz que “seu primo João era um pouco estranho”.

Ela disse que, conforme está em Samuel, o rei Saul apresentava variações de humor, o que sugere transtorno bipolar.

McIntyre lembrou que alguns psiquiatras avaliam que São Paulo sofreu uma crise psicótica quando em Damasco teve uma visão de Jesus envolto em uma luz incandescente (esse episódio o levou a pregar o cristianismo).

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Miguel Nicolelis

O mais renomado cientista brasileiro da atualidade(?), Miguel Nicolelis, vive entre Brasil, Estados Unidos e Suíça. Às vezes completa essa triangulação em uma semana e nem sabe em que fuso horário está. Mas isso não o incomoda. Com projetos nos três países, o neurocientista paulista, fanático pelo Palmeiras, tem a ambição de fazer um adolescente brasileiro tetraplégico dar o pontapé inicial na abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Para isso, usará uma veste robótica controlada pela força do pensamento.

Entrevista:

...Nos dias de hoje, aliás, a humanidade curiosamente é dominada por três esquizofrênicos que ouviam vozes, olhavam para o céu e achavam que alguém estava falando com eles.

Quem são?

Jesus Cristo, Maomé e Abraão. Muito provavelmente os três precisavam de haldol (medicamento para esquizofrenia). É arbitrária qualquer classificação que defina as bordas da normalidade. Cada vez mais a intolerância e o preconceito esculpem essa borda com seus interesses próprios ideológicos e políticos. Quando você vê o cérebro por dentro e começa a entender o que acontece, percebe como é fácil ir de um lado para outro.

Como você vê o futuro da máquina humanizada?

Isso é uma barbaridade científica. Não há nenhum computador que tenha a chance de reproduzir atributos humanos. Isso é pura balela, propaganda ideológica. É uma visão capitalista, de que você não vale nada e pode ser substituído por um robô. A máquina consegue executar movimentos repetitivos. Não consegue escrever poesia, pintar como Picasso, tomar decisões baseadas na natureza humana. Todas as características que fazem a gente ser como é resultam de processos extremamente complexos no cérebro e são fenômenos não computáveis.