domingo, 22 de setembro de 2013

Bolsa-ditadura: Agora são as mães dos beneficiários que reivindicam

Lourdes Barreto se prostituiu por 53 anos. Hoje, com 71, e uma das principais líderes do movimento da categoria no país, preside o Grupo de Mulheres Prostitutas do Pará e tem muitas histórias de confronto com a ditadura militar. Diz ela que foi presa várias vezes, apanhou e liderou movimento pela reabertura da zona do meretrício em Belém, fechada pelos militares em 1971. O local teria sido invadido e lacrado por agentes da Marinha, da Aeronáutica e da Polícia Federal. Dependiam do local cerca de duas mil profissionais. “Quem estava dentro não saía, quem estava fora não entrava. Foi uma guerra”, disse ela.

O problema é que o repórter do Globo responsável pela matéria, Evandro Éboli, entra na farra e também dá seus pitacos dizendo que a repressão às prostitutas e a outros profissionais do sexo não partia só das Forças Armadas. As polícias Civil, principalmente, e a Militar também agiam.

E continua, dizendo que a ação dos militares contra as prostitutas foi contínua nos anos de chumbo. Uma repressão não só dos militares, mas de outros setores, como a Polícia Civil, que aplicava o “termo de vadiagem” para prender essas profissionais.

Safira Bengell
Mesmo sem envolvimento ou militância política, há profissionais do sexo que reivindicarão na Comissão de Anistia o direito à reparação econômica e anistia do Estado por perseguição, que se dava por questões morais, de costume e sexual. O primeiro caso de pedido na comissão será da travesti Safira Bengell, que trabalhava em casa de shows no Rio. Ela diz que foi perseguida, presa e torturada. “Afetaram a minha integridade. Fui presa várias vezes e me jogavam água gelada somente pelo fato de eu me vestir de mulher. Quando estávamos na cela, muitas se cortavam com giletes para serem soltas depois de irem para o hospital serem medicadas”, contou.

Então tá. Quem mais falta ganhar bolsa-ditadura nessa espelunca, já que agora até as mães dos que têm direito a esse absurdo resolveram reivindicar um pixulé de responsa?

2 comentários: