quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Festival de baixaria no prêmio Multishow de música

A entrega do prêmio Multishow de música ontem à noite foi um festival de baixaria de dar nojo. Os que me conhecem sabem que eu não sou exatamente um exemplo de pudicícia, mas há limites para tudo.

Apresentado por Ivete Sangalo e Paulo Gustavo, um gay afetadíssimo que anda fazendo sucesso pelaí - não se sabe a troco de quê -, até que o troço começou calmo. Muito embora começar um show com os capiaus Zezé de Camargo, Luciano e Paula Fernandes cantando “é o amooooooooor...” seja um atentado ao bom gosto, deu para levar, até porque eu levantei para fazer um pipi e abrir uma cerveja enquanto os três se esgoelavam no palco.

Após a “música” caipira e uns cinco minutos de papo sem pé nem cabeça entre Ivete e Paulo tentando explicar o complicado mecanismo de escolha dos ganhadores em uma briga danada para ver quem conseguia aparecer mais, Caetano Veloso foi anunciado como mais uma atração. Sosseguei e gostei quando ele começou com as frases de Tropicália: “Sobre a cabeça os aviões, sob os meus pés os caminhões, aponta contra os chapadões meu nariz...”. Mas eis que, não mais que de repente, a música muda e me aparece em cena um rapper - que depois soube chamar-se Emicida - com um microfone enfiado na boca, quase tocando as amígdalas (conhecidas hoje como tonsilas), a grunhir coisas ininteligíveis. Imaginando que aquilo fosse apenas uma intervenção e que Caetano prosseguisse depois com a genial Tropicália, dei com os burros n’água quando o baiano, à moda rapper, começou a grunhir também até chegarem a um ponto da “música” que cada estrofe terminava com a expressão “é foda!”, que era também a única coisa que se conseguia entender em meio a tantos grunhidos.

Depois de mais ou menos quarenta “é foda!” - a coisa durou uns dez intermináveis minutos -, veio o gran finale com... “é foda!”.

Caetano já está bem velhinho para apelar para artifícios tão baixos para chamar atenção. E só pode ter sido este o motivo da baixaria, porque não acredito que um autor de canções tão belas realmente goste desse tipo de aberração que é o rap. Além de tudo não fica bem um sujeito que ficou tão distinto e boa pinta depois que envelheceu, abandonando o visual andrógino e detraquê que outros artistas sessentões do tipo Iggy Pop e Mike Jagger insistem em manter, ficar por aí repetindo “é foda!”.

Bom, mas assim que Caetano acabou com seu “é foda!”, as câmeras cortaram para o afetado Paulo Gustavo sentado no palco, calado, fazendo caras e bocas lânguidas. Ivete pergunta a ele o que houve. E Paulo responde: “Ah, eu queria dar um beijo na boca do Caetano...”.

Mais meia dúzia de palavras tolas e Ivete volta a perguntar: “Você já ‘pegou’ homem?”

E Paulo, para Ivete: “Já devo... E você, já pegou mulher?”

“Não”, respondeu Ivete. E seguiu-se um diálogo meio embolado onde, se meus ouvidos não me enganaram, Paulo mencionou Xuxa para, em seguida Ivete dizer: “Vamos deixar isso pra lá e continuar”.

Depois disso, tomei um Engov e mudei de canal.

P.S.: Meus ouvidos não me enganaram. Depois de publicar o texto li na página do Globo On Line a versão oficial do fim do diálogo que relatei:

“Nunca pegou mulher, Ivete? Mentira! Você namorou a Xuxa por anos”, bombardeou Paulo Gustavo.

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