terça-feira, 8 de outubro de 2013

Fila de banco

- Dá licença!

Assim, secamente, sem mais nem porquê, uma mulher empurrando um bebê em um carrinho, se postou na minha frente em uma fila para o caixa eletrônico do banco. Eu era o primeiro de uma fila descomunal que não discriminava ninguém, tanto que entrei no fim, sem fazer valer minhas prerrogativas de idoso.

Parêntesis: coisas geradas pela greve de bancários que inferniza o carioca (é no país inteiro?).

Depois de passar meia hora na fila, aquilo me soou uma afronta. E eu disse:

- Desculpe, minha senhora, mas na minha frente, não!

- O senhor não conhece a lei? Não sabe que quem tem criança de colo pode passar na frente? - perguntou a dondoca.

- Bem mais do que a senhora - respondi. Primeiro que a sua criança pode ser de colo, mas está no carrinho chupando pirulito, o que, a rigor, não lhe causa nenhum empecilho. Segundo, como a senhora pode ver, há vários idosos na fila que não estão reivindicando seus privilégios e, para encerrar o papo, eu sou idoso - a lei assim o diz -, enfrentei a fila e, no caso, temos as mesmas regalias, mas como cheguei antes, a vez é minha. Se a senhora tiver um pingo de bom senso, entra no fim da fila, se não, tente entrar atrás de mim. Se os outros concordarem, é claro.

- Segurança! - Bradou a oferenda de Yemanjá (de tanta bijuteria que usava) - Esse cara não quer me ceder a prioridade!

O segurança, que a tudo assistia, deu razão a mim:

- Se ele (eu) é idoso e está na sua frente, está certo.

Indignada e já com a fila inteira contra a sua postura prepotente, a mulher deu meia volta com seu carrinho e saiu, cuspindo impropérios.

Eu não tenho por hábito usar minhas prerrogativas de idoso em filas. Acho isso um absurdo, além de normalmente o tiro sair pela culatra, porque, além de lentos, os idosos normalmente são usados por espertinhos que os pedem para pagar suas contas, o que acaba fazendo dos guichês reservados para maiores de 60 anos demorarem o triplo do tempo de atendimento por pessoa. Um tormento.

Não sei se há essas mordomias em países civilizados. Pelo menos nos Estados Unidos não há: eles simplesmente optaram pela eficiência e descomplicação desses tipos de atendimentos, o que resulta na quase total ausência de filas.

Mas isso é o Brasil do PT...

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