quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Eu não canso de me espantar

Ontem li essa matéria e fiquei fascinado. Uma sonda lançada no espaço há dez anos, que está desligada há mais de dois anos e meio, captando apenas 4% da radiação do Sol que chega à Terra, mas viaja a 57 mil quilômetros por hora, vai ser religada para entrar na órbita de um cometa, para depois lançar uma segunda sonda que ficará “ancorada” nele. Tudo isso a 673 milhões de quilômetros da Terra, o que significa que qualquer dado enviado à sonda ou recebido dela demora 37 minutos e 25 segundos para chegar ao seu destino.

Rosetta e o Sol
 Imagine dormir durante mais de dois anos e meio e acordar no frio e escuro do espaço, a 673 milhões de quilômetros da Terra. Situação nada agradável para uma pessoa, mas ideal para a sonda Rosetta. Lançada em 2004 pela Agência Espacial Europeia (ESA), ela será retirada de uma longa hibernação na manhã do próximo dia 20 de janeiro para começar a cumprir sua ambiciosa e inédita missão principal: entrar na órbita de um cometa, o Churyumov-Gerasimenko, e acompanhá-lo em sua viagem em torno do Sol, além de liberar uma segunda sonda, batizada Philae, para pousar na superfície do objeto em novembro de 2014.

Se tudo der certo, Rosetta fornecerá aos cientistas a chave para decifrar os mistérios da formação do Sistema Solar, há mais de 4,6 bilhões de anos, e talvez até da origem da vida na Terra. Isso porque cometas como o Churyumov-Gerasimenko são verdadeiros fósseis deste processo. Aglomerados de gelo, poeira, gases e rochas, eles preservam informações sobre a composição e características da imensa nuvem de material que deu origem ao Sol e aos planetas e também pode ter sido a fonte de boa parte de água e moléculas orgânicas que aqui se acumularam bilhões de anos atrás, criando as condições para o surgimento dos primeiros organismos vivos. Daí também o nome das duas sondas, referências diretas a como ficou conhecida a pedra e à ilha do Rio Nilo onde ela foi encontrada em 1799 e que permitiu aos historiadores decifrar os hieroglifos do Egito Antigo.

O longo sono da Rosetta foi necessário devido às peculiaridades de sua missão. Diferentemente de outras sondas do tipo enviados ao espaço distante, como as americanas Voyager 1 e 2, alimentadas por baterias nucleares, a europeia obtém sua energia de dois enormes painéis solares, com 14 metros de comprimento e área de 32 metros quadrados cada. O problema é que, a tamanha distância do Sol, eles recebem apenas 4% da radiação que chega à Terra, gerando só 400 watts de eletricidade, ou o bastante para acender quatro lâmpadas de 100 W.

Além disso, desde seu encontro com o asteroide gigante Lutetia, em julho de 2010, Rosetta ficou sozinha, sem ter para o que apontar seus instrumentos e câmeras. Assim, e para economizar o consumo de energia e combustível e preservar seus equipamentos, em junho de 2011 a sonda foi quase toda desligada, com exceção do próprio sistema de geração de eletricidade, os receptores de rádio e o relógio de seu computador principal, cujo alarme vai despertá-la às 8h de 20 de janeiro, no horário de Brasília.

Para entrar na órbita do Churyumov-Gerasimenko, Rosetta também teve que percorrer um longo caminho nos últimos dez anos, já que nenhum foguete existente teria potência suficiente para levá-la diretamente ao cometa. A viagem então incluiu três voos rasantes pela Terra, em 2005, 2007 e 2009, e um por Marte, em 2007. Conhecidas como estilingues gravitacionais, estas manobras deram à sonda a velocidade e trajetória para interceptar a órbita do Churyumov-Gerasimenko.

Com tamanho de três por cinco quilômetros de diâmetro, o cometa é do tipo chamado de curto período. Descoberto em 1969, ele completa uma volta em torno do Sol a cada 6,45 anos, com uma aproximação máxima (periélio) de 186 milhões de quilômetros, pouco mais que a distância média da Terra à nossa estrela, e afastando-se para um afélio (ponto mais distante) de quase 850 milhões de quilômetros, além de Júpiter.

No momento, Rosetta viaja a uma velocidade de cerca de 57 mil quilômetros por hora, aproximando-se do Churyumov-Gerasimenko a uma taxa de 800 metros por segundo. Já totalmente desperta, a partir de janeiro do ano que vem ela começará a realizar uma série de manobras para diminuir a velocidade relativa ao cometa para 25 metros por segundo, até chegar a apenas 100 mil quilômetros dele em maio de 2014. Então, serão mais 90 dias de delicadas manobras que levarão a sonda a reduzir ainda mais esta velocidade para dois metros por segundo até que, em agosto, a sonda entre em órbita em torno do núcleo do Churyumov-Gerasimenko, a uma distância de cerca de 25 quilômetros.

A partir de então, Rosetta dará início à parte científica de sua missão principal. Além de estudar o cometa com seus 11 instrumentos, a sonda vai mapear sua superfície em busca de potenciais locais de pouso para a Philae. Uma vez selecionado o melhor ponto, em novembro de 2014 a segunda sonda será liberada, aproximando-se do núcleo do Churyumov-Gerasimenko a uma velocidade de menos de 3,6 quilômetros por hora. Com outros dez instrumentos agrupados em um pequeno caixote com massa de cerca de 100 quilos, Philae lançará uma espécie de arpão para se ancorar na superfície do cometa e assim evitar que escape de sua fraca gravidade. Prevista para durar até dezembro de 2015, a missão Rosetta-Philae tem um custo total estimado em 1 bilhão de euros (cerca de R$ 3,25 bilhões).

Um comentário:

  1. Os europeus sao maus e burros.
    Com certeza estao planejando ir colonizar, escravizar e destruir civilizacoes galaticas.
    Como nao contribuiram nadinha para o avanco da humanidade, estamos a espera dos petistas,boliviarianos, islamicos, e outros seres desenvolvidos para que o mundo pule e avance.




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