quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Agora depende do Judiciário

Tanto quanto o vulto dos valores revelados, cargos e instâncias de decisão envolvidos (situados nas cúpulas, ou próximo delas, da Petrobras e das empreiteiras) e a eficiência das investigações, a Lava Jato tem se caracterizado também por representar a consolidação do amadurecimento das instituições do país. PF e o MPF têm tido comportamento exemplar, republicano, mesmo com todas as evidências de que as diligências possam alcançar gabinetes no centro do poder. Tudo tem sido feito dentro dos ritos do estado democrático de direito, sem o recurso a ações de arbítrio, sem ameaças à ordem constitucional, mas, não menos importante, com as medidas exemplares que um processo de tal magnitude exige.

Vale lembrar, ainda, que a investigação leva sete meses, atravessou uma campanha presidencial e, por certo, avançará pelo novo governo, sem que a normalidade constitucional esteja sendo arranhada. São evidências inquestionáveis do avanço institucional do país.

Pois é. Essa é uma parte do editorial do Globo de hoje, que foi apenas o desenvolvimento de um parágrafo de uma matéria da Veja dessa semana, exaltando a maturidade das nossas instituições sob o argumento que em um país onde estas são frágeis, ou não haveriam as prisões de altos executivos ou se produziria uma crise profunda.

Até aí tudo bem, eu prefiro assim e até elogio. Aliás eu nem sou a favor desses obaobas como os do dia 15 de novembro, que não levam a absolutamente nada. Pior é que tem gente como Reinaldo Azevedo babando na gravata porque a grande imprensa não deu atenção à tal passeata em Sampa, que, segundo projeções otimistas, atraiu 30 mil pessoas querendo deus sabe lá o quê, quando a passeata gay no Rio deu um milhão, segundo seus organizadores - tá, eu faço por 200 mil -, querendo... vocês sabem o quê.

Acontece que eu tenho a impressão que essa tal maturidade vai durar até que o primeiro tribunal dê o primeiro veredicto absolvendo o primeiro acusado do Lava Jato. O Judiciário hoje é a mais incapacitada das instituições, em todas as suas instâncias, pela corrupção, pela incapacidade, pela insegurança, pelo aparelhamento e, principalmente, pela própria legislação que prevê, por exemplo, que autor de um assassinato por motivo fútil cumpra apenas dois anos de pena e saia prontinho para cometer outros crimes, já que o Código Penal prevê pena mínima de reclusão de 12 anos para o homicídio qualificado, o que, na prática, acaba se transformando em 1/6 da pena. Isso para a maioria dos mortais, porque Dirceu, Delúbio e Genoíno nem 1/6 cumpriram e já estão soltinhos, graças ao ministro Barroso, do STF, que diz que cumpre rigorosamente a lei...

Na verdade, quando começarem a pipocar veredictos suspeitos - e não há dúvida que isso vai acontecer - a coisa vai pegar. Só que dessa vez a desculpa que a Justiça não pode ser balizada pelo desejo do povo não vai colar, porque não há nada mais evidente que essa turma toda do Lava Jato é um braço - ou os dois - da quadrilha do PT, cujo único objetivo é sua perpetuação no poder. Aí sim é que vamos ver se as nossas instituições têm amadurecimento suficiente para segurar o tranco.

Enfim, agora está tudo na mão do Judiciário. Se seus principais membros tomarem vergonha, decência e se renderem às evidências, a coisa tem tudo para caminhar tranquila. Se não...

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