quarta-feira, 15 de abril de 2015

“Nostra Culpa”

Paulo Eboli: Mea Culpa

Chorei muito, outra noite, durante e após o pronunciamento impronunciável da Dilma.

Ela (que falta faz o “it”, na língua portuguesa!) demonstrou por A + B… que eu sou o responsável pela crise econômica e política do Brasil.

Claro! Como não eu não havia chegado a essa conclusão antes? Se não, vejamos:

Leio a Veja e o Globo; assisto a TV Globo; trabalho; nunca roubei; estudei muito; pago impostos, todos; penso; acredito em mérito; acho Cuba e Venezuela duas merdas; não gosto do Estado Islâmico; não leio a Carta Capital; acho o Lula um ladrão safado; gosto de coxinha, inclusive a de galinha; não acho o Lindberg bonito; meu pai trabalhava; meu avô trabalhava; minha mulher trabalha; entendo que educação é fundamental; meus filhos trabalham; acredito que o Roberto Marinho já morreu; pra mim, o MST é um bando de vagabundos fora da lei; acho o Mercadante uma besta; sou a favor da extradição do João Santana para a Guiné Equatorial; vou pra rua no dia 15 no dia 12; me recuso a discutir ideias da Dilma, porque estas não existem; votei duas vezes no FHC; sou pela versão da descoberta do Brasil por Cabral, não por Lula; sou contra cotas, sejam quais forem; idem com as bolsas; acho o Chico Buarque um analfabeto político; e o José de Abreu um farsante; na minha opinião, Maduro, Evo Morales e Cristina Kirchner, deveriam trabalhar num circo de aberrações; tenho nojo da Luciana Genro; meu ouvido não é penico; minha tolerância anda em torno de zero; acho que os comunistas deveriam ser reunidos num museu e deixados lá, em exposição pública; ser de esquerda ou direita, não quer dizer nada pra mim; ainda acredito em ética; também em democracia plena; não ganho nada do governo; acho a justiça brasileira uma bosta; quero o fim da pobreza, não a sua eternização; acho o Foro de São Paulo um projeto fascista; detesto mentiras; não gosto de marginais; não voto em bandido; estou de saco cheio de ser sacaneado!

Como podem ver, a Dilma tem razão.

A situação lamentável do país tem tudo a ver com a minha existência.

Talvez, com a de vocês também, quem sabe?

No meu caso, eu prometo, daqui pra frente, continuar sendo exatamente como eu sou.

Viu, Dilma?

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