terça-feira, 7 de julho de 2015

Olavo de Carvalho e a reabilitação de Papai Noel

“Toda comparação entre as filosofias e o cristianismo – um vício incurável dos historiadores da filosofia – é um despropósito completo, pois uma filosofia não passa de uma doutrina, de pensamentos que um homem pensou, e o cristianismo é a presença agente do próprio Deus no mundo. Diferem entre si como a idéia de uma coisa difere da coisa. Você pode pensar em gatos pelo resto da sua vida e isso não fará brotar dos seus pensamentos um gato de carne e osso. Um filósofo pode criar os mais belos argumentos para validar a sua filosofia, mas não pode produzir um milagre para comprová-la, multiplicando pães ou fazendo cessar uma tempestade. Aristóteles dizia que a verdade só existe no juízo, isto é, num pensamento, mas, quando Jesus Cristo diz que Ele próprio é a Verdade, essa verdade não está presente no pensamento e sim na realidade do mundo. Quando o cristianismo se confronta com as filosofias, ele lhes faz, por assim dizer, concorrência desleal, tal a desproporção de substância ontológica entre o ser e o pensar.

Mutatis mutandis, se um filósofo quiser impugnar o cristianismo ele só poderá fazê-lo em pensamento. Suprimir os milagres cristãos por um ato de pensamento seria o mais espantoso dos milagres.”

Este é Olavo de Carvalho em mais uma das suas pérolas, daquelas que desmoralizam qualquer pretenso filósofo. Dizer que uma crença - qualquer que seja ela - é uma “verdade” que se sobrepõe a qualquer pensamento lógico ou mesmo a uma determinada filosofia não passa de uma rematada asneira, sobretudo quando cita “milagres” que nunca foram comprovados a não ser pelos próprios interessados em divulgá-los como tais.

A julgar por suas conclusões, seu próximo passo deve ser a reabilitação das imagens do Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa, tão desacreditados ultimamente.

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