quinta-feira, 16 de junho de 2016

Levando vantagem com a desgraça

O pai de uma das vítimas dos ataques terroristas que deixaram 129 pessoas mortas em Paris entrou com um processo na Justiça contra Google, Facebook e Twitter. Ele alega que as empresas permitem que o grupo extremista Estado Islâmico, autor dos atentados, use suas ferramentas para fazer propaganda, arrecadar fundos e recrutar novos colaboradores. A ação judicial foi aberta anteontem em um tribunal da Califórnia, nos Estados Unidos, por Reynaldo Gonzalez, pai de Nohemi Gonzalez, que foi a primeira norte-americana a ter a morte confirmada.

O processo é similar ao que o Twitter enfrenta desde janeiro, movido pela viúva de uma vítima de um ataque do Estado Islâmico, em Amã, capital da Jordânia. Moradora da Flórida, Tamara Fields era esposa de Lloyd Fields Jr., ex-militar norte-americano que treinava forças policiais de países do Oriente Médio. As similaridades não param por aí. Até trechos dos processos e imagens incluídas nele são idênticas.

Trata-se de uma cópia da piada do pai cuja filha estava transando com o namorado no sofá da sala e ele tirou o móvel, mas com um detalhe: seu Gonzalez quer vender o sofá, ou seja, ainda por cima quer lucrar com a desgraça.

Diga-se de passagem, a Justiça americana pode ser o que for, mas o que os juízes de lá aceitam de processos absurdos não está no gibi. Um exemplo são os condenados pelo sistema de justiça criminal que, no ano de 2000, fizeram os estados gastarem 81 milhões de dólares defendendo o que os advogados públicos chamaram de processos frívolos. Eis alguns casos:

  • Um preso de Virginia tentou processar a si mesmo em 5 milhões de dólares por sua embriaguês, o que o levou a afastar-se de suas convicções religiosas cometendo um crime. Por não ter o dinheiro, ele acionou o Estado para pagar os 5 milhões.
  • Um condenado de Nova Iorque, preso por furto, processou o estado alegando ter começado a sofrer de enxaqueca e insônia após ter tido seu cabelo cortado de maneira defeituosa por um barbeiro inábil.
  • Um preso processou o estado de Nevada porque a cantina da prisão errou ao atender seu pedido de dois potes de manteiga de amendoim concentrada, fornecendo-lhe um pote de concentrada e outro de cremosa.
  • Em San Quentin, um preso na fila de morte processou o estado da Califórnia alegando que seus direitos civis foram violados porque sua correspondência fora enviada pela United Parcel Service of America em lugar do U.S. Postal Service.
  • Um preso de Oklahoma alegou que suas liberdades religiosas foram violadas, mas não poderia dizer como, porque a doutrina principal da sua fé era que todas suas práticas eram secretas.
  • Um preso no Arizona processou o Estado por não ter sido convidado para uma festa à base de pizza que os funcionários da prisão ofereceram a um colega que ia se aposentar.
  • Um preso de Indiana processou o Estado para obter um remédio chamado Rogaine para sua calvície.
  • Um preso em Oklahoma processou o Estado por ser forçado a ouvir country music na penitenciária.

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