quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A primeira bola fora: Doria contrata firma de médium picareta que promete afastar as chuvas

Nota: A notícia é do Globo, mas o Fakenews diz que não encontrou nada que confirmasse o tal contrato, o que não significa que ele não exista. Vamos aguardar algo oficial.

Doria e Osmar, um inacreditável porta-voz de espírito
O espírito de Cobra Coral, por meio de seu porta-voz Osmar Santos (vocês já viram espírito ter um porta-voz que não seja o próprio médium?), firmou parceria com o prefeito de São Paulo, João Doria Júnior, para diminuir os impactos das chuvas na maior cidade do país. Diz Osmar:

“São Paulo vai exigir mais esforço e empenho pessoal do cacique. É muito mais difícil atuar para dispersar as chuvas por ser uma cidade mais plana. No Rio, o relevo ajuda, pois tem como desviar as nuvens para regiões montanhosas ou o mar.”

Uma das coisas mais hediondas que os governos da cidade e do estado do Rio de Janeiro cometeram durante mais de uma década – e não foram poucas –, foram os sucessivos contratos feitos com uma empresa de nome Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC), com o objetivo de “minimizar catástrofes que podem ocorrer em razão dos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza”. Crivella parece que não renovou o contrato, mas tenho a impressão que Pezão ainda mantém o seu.

A bem da verdade, Serra e Kassab, quando foram prefeitos de Sampa, também fizeram contratos com o cacique.

Tudo bem, se a coisa fosse séria e científica, mas acontece que a baiuca da FCCC é comandada por Adelaide Scritori, uma “médium” paranaense que diz que incorpora um tal “cacique Cobra Coral”, que tem o poder de manipular as condições climáticas. As “credenciais” de Adelaide se resumem em um “currículum incarnatorium” invejável do espírito do cacique antes dele se enfiar na selva brasileira: o uga-uga foi ninguém menos do que Galileu Galilei e, como se não bastasse, mais tarde encarnou-se em Abraham Lincoln.

Mas tem mais, a palhaçada não termina aí. Segundo consta, a Fundação se vale dos serviços meteorológicos de uma tal de – pasmem – Tunikito Meteorology Atmosphere and Ocean Ltda. É, vocês leram certo, é Tunikito mesmo, uma das empresas de um “conglomerado de empresas [Tunikito Seguros] que há mais de 20 anos tem se dedicado ao setor de seguros de automóveis, consultoria, administração e participação, representação comercial, locação de veículos importados e meteorologia em todo o mundo”. Vocês leram certo de novo: a Tunikito Meteorology Atmosphere and Ocean Ltda. é originalmente uma companhia de seguros de automóveis.

Há um episódio ocorrido em março de 2010 em que a Fundação, por intermédio do seu relações-públicas, Osmar Dias, disse que não foi acionada pela prefeitura para “atuar” no aguaceiro que despencou na cidade no dia 6 daquele mês e que a médium estava no Chile para minimizar os efeitos do El Niño. Além disso, Osmar ainda disse que a fundação também cobrou da prefeitura a limpeza dos rios.

Em primeiro lugar, eu nunca vi espírito se utilizar de um serviço de meteorologia - no caso o Tunikito Meteorology Atmosphere and Ocean Ltda.; em segundo, eu não entendi bem a história de ter que chamar o espírito em tempo hábil para “resolver” uma chuva de cinco horas, porque eu pensava que ele agisse de maneira preventiva; em terceiro, eu não sabia que espíritos precisam usar os meios de transportes dos mortais para se locomover; em quarto, vá se achar poderoso assim em Cochabamba, porque minimizar os efeitos do El Niño é dose pra elefante!, e, em quinto lugar, se é só para aconselhar a prefeitura a limpar os rios, será que precisa um médium?

Quem sabe depois do convênio com a Fundação Cacique Cobra Coral, Doria resolva construir em Sampa uma pista de pouso para OVNIs, bunkers para a população se salvar do fim do mundo, parques de diversões para duendes e leprechauns, a Universidade Paulo Coelho de Alta Magia, um motel para Papai Noel com direito a abrigo para os veadinhos e garagem para trenó e um aquário para a exibição do monstro do lago Ness?

É inaceitável que, em pleno ano de 2017, o prefeito de uma cidade da importância de São Paulo recorra a bruxarias medievais para resolver problemas cujas soluções se resumem em duas palavras: trabalho e seriedade.


5 comentários:

  1. (argento - eleitor em Greve) ... há mais Mistérios entre as Administrações do "Estado Laico" do que sonham nossas vãs Supertições (Cheique Espirro) ...

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  2. Procure se informar melhor!

    A parceria é TOTALMENTE ISENTO DE ÔNUS, GRATUITO E SEM PRAZO.

    O acordo em SP teve inicio na gestão Serra (Decreto 45.683/05 e Decreto 40.384/2001), que foi interrompido por iniciativa própria da Fundação Cacique Cobra Coral, mas que foi retomado com Dória.

    NA verdade, o prefeito foi gentil com a fundação.

    PS:Você não deve confiar 100% na grande imprensa, nunca a informação é completa.

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    1. Complementando a informação: Foi a FCCC que procurou o prefeito dizendo que iria retomar a parceria, uma vez que o acordo firmado era por prazo indeterminado e nunca cancelado pela prefeitura de SP.

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    2. Masa, não me encha o saco com seus conselhos e palpites furados! Você acha que uma firma é uma entidade beneficente ou uma ONG para trabalhar de graça? Quem financia as viagens da médium picareta?

      Vá se informar você!

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    3. Claro que tem DINHEIRO no meio!Sempre haverá uma mulher no meio se consultando e falando muito é SIMPLES.
      Pedro M Gorrochotegui.

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