quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O Black Lives Matter e o racismo ideológico

Paulo Cruz

Dificilmente induziremos o negro a acreditar que, se seus estômagos estiverem cheios, pouca importância terão os seus cérebros.
(W. E. B. Du Bois)

Em 1964, num discurso contundente, Malcolm X, um dos mais influentes líderes do Movimento Negro americano, disse:

“Os Democratas [ou seja, a esquerda americana] só estão em Washington, D.C., por causa do voto negro. […] Vocês os colocaram em primeiro lugar e eles os colocaram por último, porque vocês são estúpidos. Politicamente estúpidos. Sempre que vocês jogam seu peso político por detrás de um partido que controla 2/3 do governo, e este partido não mantém as promessas que lhes fez durante a época de eleição, e vocês são idiotas o suficiente para continuarem a se identificar com esse partido, vocês não são apenas estúpidos, são traidores de sua raça”.

Antes disso, em 1916, W. E. B. Du Bois, fundador da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People/Associação Nacional para o Avanço da População Negra)  -  a maior instituição de luta pelos direitos civis dos negros americanos  -  e o primeiro negro a graduar-se doutor em Harvard (1895), já demonstrava o seu desapontamento com o presidente Woodrow Wilson, o proto-fascista do Partido Democrata que, tendo garantido o apoio da população negra em sua primeira eleição, sob vagas promessas em favor dos direitos civis, a abandonou aos horrores das leis Jim Crow e promoveu uma verdadeira sangria segregacionista nos serviços públicos federais  -  que eram integrados desde o fim da Guerra Civil.

Mas a decepção com o American Dream, que (aparentemente) nunca chegava para os negros, e, sobretudo, o recrudescimento das Leis Jim Crow e dos linchamentos, fizeram com que personalidades como Du Bois  -  inicialmente um conservador que lutou arduamente pelo progresso intelectual dos negros dentro da tradição ocidental  -  bandeassem pateticamente para o lado de seu pior inimigo: o Partido Democrata  -  criador da Ku Klux Klan e das próprias Leis Jim Crow. Outros fatores decisivos para a migração do eleitorado negro para o Partido Democrata foram: a reeleição de Harry Truman, em 1948, com seu discurso a favor dos Direitos Civis; e, no final dos anos 1960, a influência do pastor Jesse Jackson, que se tornou o líder mais importante dos negros americanos após a morte de Martin Luther King Jr.. Outros foram ainda mais longe: apoiaram e militaram em favor do Comunismo. Du Bois, por exemplo, visitou a China, de Mao Tsé-Tung, e a União Soviética  -  esta última por 4 vezes! E, desde então, o negro americano mantém uma estranha fidelidade ao Partido Democrata e ao Socialismo.

Como podemos ver, a triste história do negro americano com a esquerda  -  que sempre foi falsamente preocupada com a desigualdade racial/social  -  é antiga, e produziu muitos frutos podres. Dentre estes, o famigerado movimento Black Lives Matter é a bola da vez.

Criado em resposta à absolvição, em 2013, do segurança de ascendência latina George Zimmerman, que matou o jovem negro Trayvon Martin, o movimento é, segundo encontramos em seu website, “enraizado na experiência das pessoas que os EUA insistem ativamente em desumanizar”. Sim, é isto mesmo: o país que elegeu e reelegeu um presidente negro é acusado de desumanizar os negros. Isso não poderia ser levado a sério. Mas é. Esse caso gerou uma narrativa de racismo ridiculamente fabricada por racialistas negros americanos da estirpe do Rev. Al Sharpton (um dos mais ferrenhos propagadores do ódio racial na atualidade).

Numa mistura de movimento revolucionário, vitimismo e segregação racial (com requintes de violência), o Black Lives Matter (BLM) foi criado por três mulheres  -  Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi  -  com a divulgação da hashtag #BlackLivesMatter, no Twitter, em 2013, a fim de protestar contra a absolvição de Zimmerman. Em 2014, a morte de Michael Brown foi o estopim para o movimento ganhar alcance mundial  -  e a cidade de Brown, Ferguson, ser destruída por protestos violentos.

Os fatos comprovam a pantomima: Brown  -  um jovem de 18 anos, quase 2 metros de altura e 138 kg  -  assaltou uma loja de conveniência. Na saída da loja, ao ser abordado pelo policial Darren Wilson, impediu que este saísse do carro, projetou-se para dentro do veículo pela janela e espancou o policial, tentando tomar-lhe a arma. A arma disparou, feriu a mão de Brown, que tentou fugir. Wilson saiu do carro, Brown se virou e voltou em sua direção; foi só então que Wilson atirou contra Brown e o matou. Obviamente, um caso de legítima defesa. Mas quem liga para os fatos? A narrativa criada pelos vitimistas da esquerda e pela imprensa insiste que Brown fora morto simplesmente por estar andando no meio da rua; ou, nas palavras de Barack Hussein Obama, o ex-presidente: por estar “andando como negro”. Para toda a imprensa, Brown fora apelidado de “Gigante Gentil”, um santo que nunca se tinha metido em uma briga. Tudo invenção. Posteriormente, os controversos casos de Eric Garner, Freddie Gray e, mais recentemente, Alton Sterling e Philando Castile tornaram a narrativa do BLM ainda mais sedutora. Mas há um grande problema aí.

A Realidade, sempre ela!

Diante da crescente onda de protestos violentos contra o que chama de “violência estatal”, o BLM se recusa a admitir  -  apesar de, no site, parecer preocupado com todas as nuances do problema  -  que, nos EUA, mais de 90% dos assassinatos de negros são cometidos por outros negros. E que os negros representam 13% da população americana, mas cometem 50% dos crimes.

De acordo com o FBI, em 2014 os negros foram responsáveis por 2.205 dos 2.451 negros assassinados. Brigas entre gangues estão entre as principais causas. Quem, por exemplo, aqui no Brasil (principalmente quem gosta de RAP), já não ouviu falar em Bloods e Crips, duas gigantescas gangues da Califórnia, famosas por suas relações com os rappers da Costa Oeste  -  dentre estes: 2 Pac, Dr. Dre, Snoopy Dogg e o produtor (e gangster) Suge Knight? E a rivalidade entre Costa Leste e Costa Oeste, pivô da morte de 2 Pac e Notorious BIG? Chicago, cidade reduto do Partido Democrata e de Obama, mesmo possuindo leis severas para controle de armas, amarga índices alarmantes de crimes e assassinatos. Em julho deste ano [em 2016], já bateu a marca de 2.005 vítimas de violência (319 assassinatos); mais de 60% relacionados a gangues. Chicago tem aproximadamente 60 facções, com mais de 100.000 membros no total. Em Chicago, os negros somam 35% da população, mas cometem 76% dos homicídios.

E foi na mesma Chicago que, em novembro de 2015, o garotinho Tyshawn Lee, de 9 anos, foi assassinado por membros de uma gangue em retaliação contra seu pai, membro de uma gangue rival. A esse respeito não ouvimos ou lemos uma palavra do BLM. Até o diretor Spike Lee, famoso por seus filmes com temática negra, obamista convicto que, na última eleição, apoiou o comunista Bernie Sanders, disse, em entrevista: “Não foi um policial que matou Tyshawn Lee […]. Não podemos ignorar que estamos matando uns aos outros também”. Lee filmou recentemente uma sátira, Chi-Raq (baseada na comédia Lisístrata, de Aristófanes), criticando o alto índice do chamado “Black-on-Black Violence” (violência de negros contra negros) em Chicago. O início do filme é avassalador:

2001 até hoje: 2349 americanos foram mortos na guerra do Afeganistão; 2003 a 2011: 4424 americanos foram mortos na guerra do Iraque; 2001 a 2015: 7356 assassinatos em Chicago. Os homicídios em Chicago, Illinois, superam o número de mortos das forças especiais americanas no Iraque. Mais de 400 crianças em idade escolar foram mortas esse ano. Na semana do 4 de Julho de 2015, dia da independência americana, 55 pessoas foram alvejadas e feridas; 10 morreram, incluindo um garoto de 7 anos. Onde estava a liberdade deles? Onde estava seu direito à vida, à liberdade, e à busca da felicidade?

Apesar de um libelo desarmamentista, o filme de Lee bota o dedo na ferida dos negros americanos.

Ghetto Boys

O fato é que os negros foram incentivados, pela mesma esquerda multiculturalistas que lhe jura amor incondicional, a uma cultura de marginalidade. Curiosamente, de acordo com o economista Thomas Sowell, aquilo que hoje é enaltecido como “cultura negra”  -  incluindo o chamado “Black English”, espécie de dialeto falado entre os negros americanos  -  tem sua origem nos Rednecks [caipira, em tradução livre], os primeiros imigrantes britânicos que chegaram ao sul dos EUA. Sowell diz:

“[…] música animada e dança, um estilo de oratória religiosa marcada pela retórica estridente, emoções desenfreadas e estética extravagante. Tudo isso se tornaria parte do legado cultural dos negros, que viveram durante séculos no meio da cultura caipira do Sul. […] Muitos entre os intelectuais retratam a cultura negra redneck de hoje como a única cultura negra “autêntica”, e até mesmo a glorificam. Eles denunciam qualquer crítica ao estilo de vida do gueto ou qualquer tentativa de mudá-lo. Os professores pensam não ser apropriado corrigir jovens negros que falam o “Black English”, e ninguém acha certo criticar o estilo de vida de negros rednecks. Nesta cultura, a beligerância é considerada virilidade, e a crueldade, legal (cool), enquanto ser civilizado é considerado “agir como branco”.

A glorificação da marginalidade impede muitos negros de buscarem alternativas. Ser “malandro” é sinônimo de ser respeitado, esperto, sedutor etc. Quando vemos, por exemplo, o senador negro que se tornaria, tempos depois, o presidente dos EUA comportando-se como um redneck no programa da Ellen Degeneres  -  sendo ovacionado por isso –, temos a real dimensão de quão nociva é essa cultura. Quando vemos, no Brasil, programas como Esquenta!, da Globo [extinto, graças a Deus], cuja maior contribuição é reforçar, ao melhor estilo “pagode na laje”, o estereótipo festeiro e esteticamente grosseiro da população periférica; ou, ainda, seriados como Mister Brau  -  estrelado pelos mais novos representantes da negritude vitimista, o casal de atores Thaís Araújo e Lázaro Ramos –, que, mesmo tentando dar um certo protagonismo ao negro, ainda o mantém mergulhado em estereótipos patéticos, notamos que o enaltecimento da “cultura de gueto” não é um problema só dos americanos.

Outro importante fator para o altíssimo índice de violência entre os negros  -  e também completamente desprezado pelo BLM  -  é a grande quantidade de crianças que nascem e vivem sem o pai nos EUA.

Atualmente, 75% das crianças negras dos EUA nascem e vivem sem o pai em casa. Estas têm 5 vezes mais chances de viverem na pobreza e cometerem crimes; 9 vezes mais chances de abandonarem a escola; e 20 vezes mais chances de serem presos. Um número assustador se compararmos com a década de 1960, quando esse era de 25%. Para Larry Elder, advogado e apresentador do pograma The Larry Elder Show, no rádio, esse é o principal problema da população negra americana. E não culpemos a pobreza, pois como diz Thomas Sowell:

Somos informados de que esses distúrbios são um resultado da pobreza negra e do racismo branco. Mas, na verdade  -  para aqueles que ainda têm algum respeito pelos fatos  -  a pobreza negra era muito maior e o racismo branco era muito pior antes de 1960. Mas o crime violento nos guetos negros era muito menor.

As taxas de homicídio entre homens negros estavam diminuindo  -  repito, diminuindo  -  na década muito lamentada de 1950; porém, subiram muito após os célebres anos de 1960, atingindo mais do que o dobro do que tinham sido anteriormente. A maioria das crianças negras eram criadas em famílias com ambos os pais antes da década de 1960. Mas hoje a grande maioria das crianças negras são criadas em famílias monoparentais.

E em outro importante artigo, de 2013, escreve Sowell:

A taxa de pobreza entre os negros é 36%. A maior taxa é encontrada em famílias chefiadas por mulheres. A taxa de pobreza entre casais negros tem se mantido em um dígito desde 1994, e hoje é de cerca de 8%. A taxa de nascimentos na ilegitimidade, entre os negros, é de 75%, e, em algumas cidades, de 90%. Mas se esse é um legado da escravidão, deve ter pulado várias gerações, porque na década de 1940 os nascimentos entre as solteiras giravam em torno de 14%.
Pois é, caro leitor, é difícil lutar contra os fatos.

Até o rapper Tupac Shakur disse, certa vez, que se tivesse tido um pai por perto, teria adquirido mais disciplina e confiança. Que seu envolvimento com gangues se deu, principalmente, pela falta de um pai que o orientasse.

No Brasil

Cá em nossas plagas foi publicada, recentemente, uma pesquisa que nos aproxima da realidade americana  -  um verdadeiro milagre, uma vez que, em geral, as pesquisas por aqui só servem para reforçar narrativas ideológicas: 2 em cada 3 menores que cometem crimes não têm o pai em casa. Apenas 34% convivem com o pai na mesma residência; e 37% dos entrevistados têm parentes com antecedentes criminais. Ou seja, prevalece a máxima contida na música do Racionais MC’s: “ele se espelha em quem tá mais perto”.

No Brasil, onde abundam estatísticas raciais a respeito das vítimas, mas NUNCA dos criminosos, é curioso encontrar tais dados  -  mesmo que a intenção tenha sido vitimizar os menores criminosos.

E para não dizer que não há dado algum sobre agressores/criminosos adultos, uma dissertação de mestrado sobre violência contra mulheres negras, de 2013, encontrada na internet, informa que 10 das 14 entrevistadas foram agredidas por negros, ou seja, mais de 70%. Revelar a cor dos criminosos  -  e não só das vítimas, como maliciosamente se faz no Brasil  -  mudaria completamente a interpretação dos fatos.

E é exatamente esse ponto que nos liga ao início deste artigo, à citação de Malcolm X e à ideologização do racismo para fins político-ideológicos. Malcolm e muitos outros líderes negros  -  não só dos EUA, mas, por exemplo, na Martinica (Aimé Césaire), em Cuba (Carlos Moore) ou mesmo no Brasil (Abdias do Nascimento) –, perceberam que a causa do negro não tem nada que ver com a esquerda, e que esta só se interessa pelo voto negro, pelo apoio da massa manipulável dos excluídos. Mas isso não é algo fortuito, há uma gênese e uma intenção.

O novo lumpemproletariado

Após a derrocada da idéia estapafúrdia de Marx sobre a Revolução do Proletariado, é de interesse da esquerda contemporânea  -  influenciada, sobretudo, por Antônio Gramsci e Herbert Marcuse  -  que os “marginalizados” (criminosos, proscritos, discriminados, excluídos) sejam a nova classe revolucionária. São manipulados e incentivados à revolta constante, a fim de desestabilizar a sociedade, instaurar o caos e garantir o sucesso de sua intenção primeva (contida, inclusive, nos primeiros escritos de Marx): a destruição da família e da cultura ocidental. Como nos alertava o filósofo Olavo de Carvalho, no início dos anos 1990:

Outro fenômeno que ocorreu no Brasil foi “lumpenização” da esquerda. Hoje em dia, graças a esse tipo de bandeira, que se sobrepõe muito a qualquer bandeira de ordem econômica ou até à idéia de socialismo, o conceito de povo que a esquerda tem é o lumpemproletariado, ou seja, os bandidos, as prostitutas, os viciados, traficantes, etc. É essa faixa social que a esquerda hoje defende e em nome da qual ela fala. Inclusive do ponto de vista estético. A tendência é cada vez mais a classe média imitar os hábitos do lumpem, se vestir como lumpem, falar como lumpem, etc. Marx estava muito certo quando dizia que o lumpem não é uma força revolucionária, mas certamente é uma força de decomposição. E o que se observa no Brasil é o fenômeno da decomposição: financeira, administrativa, moral, cultural etc. O Brasil é um país que está se desfazendo diante de nós. A corrupção galopante que ninguém consegue deter, a magnífica compra de consciências com a qual se transforma o Supremo Tribunal Federal num escritório do Partido, são apenas sintomas da decomposição moral.

Olavo fala do Brasil, mas essa é uma regra geral. Nas palavras do próprio Herbert Marcuse:

No entanto, sob a base popular conservadora se encontra o substrato dos proscritos e “outsiders”, os explorados e perseguidos de outras raças e outras cores, os desempregados e aqueles que não podem ser empregados. Eles existem fora do processo democrático; sua vida é a necessidade mais imediata e mais real para acabar com às instituições e condições intoleráveis. Assim, a sua oposição é revolucionária mesmo que a sua consciência não seja. Sua oposição atinge o sistema a partir do exterior e, portanto, não é derrotada pelo sistema; É uma força elementar que viola as regras do jogo e, ao fazê-lo, revela-o como um jogo falsificado.

Ou seja, a esquerda contemporânea se apossou de causas que, inicialmente, eram até genuínas  -  movimento pelos direitos civis, sufrágio feminino, discriminação racial/social etc.  -  misturou às suas teses revolucionárias e formou o seu lumpemproletariado, a sociedade de revoltados cujas demandas não precisam e nem devem ser solucionadas, pois a revolta constante é o que importa. Defendendo tais “causas”, tem o seu eleitorado garantido por anos a fio.

Um exemplo de como a manipulação de causas legítimas, aliadas a teorias revolucionárias, trazem prejuízos quase irremediáveis a seus possíveis beneficiários, é a Revolução Sexual da década de 1960. O livro Eros e Civilização (1955), de Herbert Marcuse, foi o grande catalisador do período. Para Marcuse, o prazer era inibido pela opressão imposta pelo trabalho (capitalismo) e pela vida moral burguesa:

Enquanto, fora do privatismo da família, a existência do homem foi principalmente determinada pelo valor de troca dos seus produtos e desempenhos, sua vida no lar e na cama foi impregnada do espírito da lei divina e moral. Supôs-se que a humanidade era um fim em si e nunca um simples meio; mas essa ideologia era efetiva mais nas funções privadas do que nas sociais dos indivíduos; mais na esfera da satisfação libidinal do que na do trabalho. A força plena da moralidade civilizada foi mobilizada contra o uso do corpo como mero objeto, meio, instrumento de prazer; tal coisificação era tabu e manteve-se como infeliz privilégio de prostitutas, degenerados e pervertidos. .

Mas sua proposta é a destruição dessa repressão, na busca por uma sociedade não-patriarcal e não-opressora  -  ou seja, mais “livre”:

Com o aparecimento de um princípio de realidade não-repressivo, com a abolição da mais-repressão requerida pelo princípio de desempenho, esse processo seria invertido. Nas relações sociais, a coisificação reduzir-se-ia à medida que a divisão do trabalho se reorientasse para a gratificação de necessidades individuais desenvolvendo-se livremente; ao passo que, na esfera das relações libidinais, o tabu sobre a coisificação do corpo seria atenuado. Tendo deixado de ser usado como instrumento de trabalho em tempo integral, o corpo seria ressexualizado. A regressão envolvida nessa propagação da libido manifestar-se-ia, primeiro, numa reativação de todas as zonas erotogênicas e, conseqüentemente, numa ressurgência da sexualidade polimórfica pré-genital e num declínio da supremacia genital. Todo o corpo se converteria em objeto de catexe, uma coisa a ser desfrutada um instrumento de prazer. Essa mudança no valor e extensão das relações libidinais levaria a uma desintegração das instituições em que foram organizadas as relações privadas interpessoais, particularmente a família monogâmica e patriarcal .

Porém, o tiro saiu pela culatra. A liberação sexual piorou (e muito) a vida das mulheres. De acordo com o psiquiatra Theodore Dalrymple:

Os profetas dessa revolução desejavam esvaziar do relacionamento entre os sexos todo o significado moral e destruir os costumes e as instituições que o regiam. […] O programa dos revolucionários sexuais foi mais ou menos executado, especialmente nas classes mais baixas da sociedade, no entanto, os resultados foram imensamente diferentes do que fora previsto de maneira tão estúpida. A revolução foi a pique na rocha da realidade inconfessa: de que as mulheres são mais vulneráveis à violência que os homens exclusivamente em virtude da biologia, e que o desejo da posse sexual exclusiva do parceiro continuou tão forte quanto antes. Esse desejo é incompatível, é claro, com o desejo igualmente poderoso  -  eterno nos sentimentos humanos, mas até agora controlado por inibições sociais e legais  -  de total liberdade sexual. Por conta dessas realidades biológicas e psicológicas, os frutos da revolução sexual não foram o admirável mundo novo de felicidade humana, mas, ao contrário, um enorme aumento da violência entre os sexos por razões prontamente compreensíveis .

O fruto da farsa

Nos EUA, Barack Hussein Obama prometeu um governo para todos os americanos, mas, além de quebrar muitas de suas promessas, só fez dividi-los; recentemente disse que o racismo está no DNA americano. De novo: o país que elegeu e reelegeu um presidente negro tem o DNA racista (?). E o Black Lives Matter, um movimento que se julga tão autônomo, foi disputado, descaradamente, na corrida presidencial de 2016, pelos socialistas Hillary Clinton e Bernie Sanders. Por que? Porque a pseudo-causa do BLM pertence aos socialistas. E mesmo que o BLM rejeite suas investidas, a pseudo-causa ainda lhes pertence, e eles não desistirão. Ainda assim, mais de 80% dos negros americanos são eleitores do Partido Democrata.

No Brasil, o “governo para os pobres” do PT fez a miséria aumentar em 10%. E mesmo mudando os cálculos para transformar em classe média quem ganha R$ 300/mês, a promessa de eliminar a miséria em 2016 falhou completamente. Por outro lado, durante os governos Lula e Dilma, os bancos lucraram 850%. Ainda assim, mais de 50% dos eleitores do PT são pobres.

E dessa forma a esquerda faz dos negros, dos pobres, das mulheres, dos homossexuais e de toda a sorte de excluídos e marginalizados, o seu lumpemproletariado, garantindo sua hegemonia. Por isso, para o bem da sociedade, movimentos como Black Lives Matter  -  ou, aqui no Brasil, o Sistema de Cotas Raciais  -  precisam ser desmascarados.


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