quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

PSOL o partido dos ricos?

Leandro Narloch

“O Brasil”, diz a frase atribuída a Tim Maia, “é o único país onde puta goza, cafetão tem ciúme, traficante é viciado e pobre é de direita”. As últimas semanas renderam uma sequência a essa definição: também somos o país onde a esquerda e a extrema-esquerda defendem os ricos.

Que o PT privilegiava grandes empresas e empreiteiras já sabíamos há tempos; agora foi a vez do PSOL exibir um comportamento semelhante. O partido foi ao STF pedir menos impostos e mais salários para brasileiros que estão entre os mais ricos.

Apresentou uma ação direta de inconstitucionalidade contra a medida provisória que adia o reajuste de salário e aumenta a contribuição da Previdência dos servidores federais de 11% para 14%. O ministro Ricardo Lewandowski concedeu na segunda-feira (18) liminar a favor da ação; com isso a medida provisória está suspensa até decisão do plenário do STF.

Sete em cada dez servidores federais estão entre os 10% mais ricos do país –e 93% deles estão entre os 40% mais ricos, segundo o IBGE. Os servidores federais civis ganham cinco vezes mais que trabalhadores do setor privado. São os principais beneficiados pela máquina estatal de criação de desigualdade.

Os brasileiros são obrigados a bancar, além desses salários acima da média, o deficit previdenciário dos funcionários públicos. Enquanto o rombo dos 30 milhões de beneficiários do INSS custa R$ 150 bilhões por ano, o de apenas três milhões de servidores civis e militares leva R$ 164 bilhões.

Ou seja: estamos gastando com o deficit de aposentadorias de ricos servidores públicos uma bolada bem maior que o orçamento do Ministério da Saúde (R$ 110 bilhões).

E o que faz o PSOL diante de tamanha injustiça? Propõe mais impostos aos mais ricos? Não, o contrário: se opõe a qualquer medida que ameace retirar privilégios dos funcionários públicos. Tenta obrigar o governo a continuar retirando dinheiro dos pobres para dar a brasileiros da elite.

Como afirmou o economista Carlos Góes, se a ação do PSOL vingar, o resultado será mais rombo fiscal e mais desigualdade “tanto no curto prazo, ao privilegiar servidores que são relativamente mais ricos, como no longo prazo, ao tornar mais difícil alíquotas progressivas que reduziriam a desigualdade por vias redistributivas”.

O mais estranho é que, apesar de defender esses absurdos, integrantes do PSOL realmente se consideram guerreiros virtuosos em defesa dos pobres e de um país com mais igualdade social. Vai entender.

Com esse estranho comportamento de esquerda, fica fácil entender o que Tim Maia considerou um paradoxo, o fato de haver pobres de direita no Brasil. Eles estão simplesmente defendendo seus interesses


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